domingo, 22 de janeiro de 2017

CRÔNICA DA SEMANA: RESPIRE, INSPIRE E DE VEZ EM QUANDO PIRE

Senhora Laci Sost e o autor
Estada, vento, estada, vento, voa pensamento.
Estada, pensamento, vento, respira, inspira, estrada.
Paisagem parada,
Paisagem, um avestruz, dois avestruzes, três avestruzes.
Inspira, voa pensamento.
Eu vi mesmo um avestruz?
E deixo de contar passos e passo a contar dedos.
1, 2, 3.
Qual o plural de avestruz? Concentra na estrada, menino.
Respira, anda, corre? Mas a semana foi tão corrida.
E o vento...como gosto da companhia despretensiosa.
E concentra, vamos andar mais um pouquinho a Ponte do Lux é bem ali.
Tentava abstrair muitas coisas barulhentas que povoavam a minha mente.
O vento, a estrada, respira, inspira, concentra, e... de novo lá vinha a imagem daqueles avestruzes.
 
 E não teve como, pois quando vi, eu me peguei pensando de novo naquele bicho de penas e pernas compridas andando por ali, me olhando estranhamente.
Paranóia.
E caminhava e pensava: Quanto tempo vive um avestruz? 50 anos? Talvez, um bicho desse deve ter 2,5 m de altura e pesar uns 100 kg.
E caminhava...e pensava...e respirava...tenho que tirar esse bicho da minha cabeça. Será um sinal? Será que devo fazer uma aposta no animal play (jogo do bicho)? Logo eu que nem apostar eu sei.
Senhora Laci Sost e Professora Neuza

E quando vi, não era mais só o vento comigo, mas o avestruz que não saia da minha mente. Chega...fim... Não quero mais saber de bicho. Não terei essas respostas mesmo. Quero apenas caminhar, só isso, tudo nua boa...então, respira e deixa a estrada dizer o caminho.
Estada, vento, estada, vento, pensamento.
Estada, pensamento, vento, respira, estrada.
Paisagem parada,
De repente um rosto amigo que me fez parar. Eu também a fiz parar na sua bicicletinha.
-Dona Laci Sost, quanto tempo! Como vai.
-Doutor Ary. Não tinha mais lhe visto.
E ela um pouco mais falante me contou uma saga. Vou tentar resumir até porque não entendi muito bem algumas partes da história. Dona Laci fala muito rápido carregando o “r”.
- Doutor não pude mais levar cupuaçu para o senhor, pois estou enfrentando um problema sério. Os macacos estão destruindo tudo na minha chácara. Quebram os cupuaçus, estragam as frutas, destroem as coisas, carregam tudo. Tenho que correr com a vassoura para espantá-los. 
E ela falou, falou, falou...
E eu não entendi muito, enquanto isso, da parte que eu entendi, uma seqüência de imagens se formavam na minha mente. Enquanto eu preocupado com a vida do avestruz, a minha amiga enfrentando uma horda de macacos selvagens e audaciosos.
- Doutor Ary, o senhor não ta entendendo né?!
E de repente, não me contive, sorrimos um do outro. E era o riso que precisava. Até que ela subiu na sua bicicletinha e pegou a estrada seguindo em direção a Santarém.
É já são quase 8 horas, vamos voltar para o centro, outro dia sigo um pouco mais adiante.
Estada, vento, estada, vento, pensamento.
Estada, pensamento, vento, respira, inspira, estrada.
Passos largos, acelera, esquece o avestruz.
Passos de avestruz, esquece o avestruz, olha a macacada.
Esquece a macacada.
No meio do caminho...
- Doutor Ary, o senhor gosta de açaí? Pegue logo um litro. Doutor, vou matar um porco e vou lhe convidar para comer com a gente lá no sítio.
 - Obrigado Senhor Domingos, eu vou aguardar.
Estada, vento, estada, vento, pensamento.
Estada, pensamento, vento, respira, estrada.
E no final eu pensei é um sinal! Mas porque eu? Afasta de mim esse cálice! Eu só vim dar uma caminhada na estrada.
Estada, pensamento, vento, respira, inspira e de vez em quando pira.
Agora lascou é de vez enquando ou de vez em quando?
Respira e exorciza, segue em frente e fim de jogo.

Controlando a minha maluques, misturada com minha lucidez, entre o real e o imaginário, entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que eu já nem sei mais, encerro a crônica do dia. Um beijo à todos, fiquem com Deus. Ary Vital Filho.
Testemunha ocular desta história: Professora Neuza.

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