domingo, 27 de setembro de 2015

CRÔNICA DA SEMANA: QUEM COMEU AS COSTELINHAS DO PORCO?


Era uma vez um porco que estava sendo bem alimentado para ser abatido e servido na ceia de Natal.  Religiosamente, por volta das 6hs de todas as manhãs, ao som do canto do galo Crecialdo, era comum a vizinhança ver Sr., Geraldo se abrir a porta do quintal de sua casa para alimentar o animal com doses cavalares de ração. Na verdade, “Loirinho”, como assim era carinhosamente chamado o porco, passava por uma “dieta de engorda” rigorosa, com prescrição nutricional de ser alimentado com a melhor e mais nutritiva ração a ser ministrada 3x ao dia com baldes de água. Consequência disso,  no final de 3 meses, o animal já pesava 80kg, fato este que gerou um impasse entre o criador e seus familiares: Matar ou não matar “Loirinho”?, isto é, quer dizer, o porco. Pois é, e agora? O que fazer quando a feição prevalece sobre a refeição? Alguns lamentaram, outros se deliciaram e muitos se lamentaram e se deliciaram ao mesmo tempo.

19hs de 13/09/2015, era uma noite de domingo, quando começamos as investigações, interrogatórios e coletas dos primeiros depoimentos, ainda que de forma sigilosa em quatro paredes na toca do Batman.

- Boa noite, qual seu nome?

Perguntei

- Geraldo André da Silva.

- Por favor seu Geraldo, como se deram esses fatos?

Perguntei.

Ele:

- Como?

Eu refiz a pergunta:

- Me explique como o animal foi parar na panela?

Ele, performaticamente, narrou:


- Agora, entendi. Trouxemos o porco da colônia, ele era pequeninho, magro, feio, então, resolvi criá-lo, alimentá-lo para que a gente pudesse comer na época do natal. Todos os dias, religiosamente, me levantava e dava comida para ele, ração cara e da melhor qualidade com muita água. Fazia isso três vezes ao dia até que, depois de três meses, quando percebemos o bicho estava enorme de gordo.

Eu:

- E aí?

Ele:

- E aí...mataram o porco para o almoço do chá de Bebê da Célia.

Eu levantando levemente uma das sobrancelhas, perguntei:

- Que Célia?


Ele:

- Célia esposa do Lolek.

Eu:

- Lolek? Nome ou apelido?

Ele:

- Nome.

Eu:

- E quando foi o este Chá de Bebê?

Ele:

- Hoje, de tarde, o senhor foi convidado, lembrou?

Eu:

- Não vem o caso. Então, senhor Geraldo o ato foi premeditado, desde o início o senhor alimentava para abater o animal, contudo, a seu favor, o arrependimento, pois se afeiçoou ao animal.

Ele:

 - Claro, o bicho tava bonito, modo de viver mais um pouco, não queria que matasse.


Pausa: De repente, parei de digitar e fazer anotações. Entrei naquele meu momento chamado de um instante que não para e pensei com meus botões: “O porco iria morrer de qualquer jeito, se não fosse de morte matada seria de morte morrida, comia três vezes ao dia, bebia horrores de água, animal totalmente sedentário, certamente, uma hora iria explodir de tanto comida que lhe era dada”.

 Eu:

- E quem matou o seu animal?... VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.









Ele:

- O senhor não está investigando? Não vou dizer.

Eu:

- Ok. Liberado. Por favor, entre o homem conhecido como Lolek.

Adentra na sala da toca do Batman o homem identificado no depoimento de Geraldo como Lolek.

Eu:

- Boa noite, nome  e profissão por favor?

Ele:

- Francisco Lolek, professor de Educação Física da escola de Divinópolis.

Eu:


- Lolek...lek...lek...lek...lek...lek.

Ele:

- Só Lolek, por favor.

Eu:

- Desculpa, lembrei-me de uma música. Perdão, o caso é sério. Na bucha, sem rodeios, quem matou o porco pertencente a seu Geraldo?

Lolek:

- Primeiramente, Geraldo é o pai do dono do porco. Eu conto tudo. O porco estava sendo criado pelo Geraldo para ser abatido no natal, mas cresceu tanto chegando quase a 100kg e como resolvemos realizar um chá de bebê da minha esposa matamos antes. Pronto, falei!

Eu:

- Muito bem, como você matou o animal?


Lolek:

- O porco ficou quieto quando nós chegamos. Ele levou uma cacetada e foi sangrado, quando pensamos que ele estava morto, o bicho estava vivo e fugiu até que alcançamos e terminamos o serviço e fizemos um banquete.

Eu:

- Égua, não sabes matar um porco? Deixaste o bicho fugir, gordo e pesado daquele jeito. 

Lolek:

- Doutor, não coloque isso aí, vão pensar que eu não sei matar um porco, mas sei.

Eu:

- Ah, então confessas com orgulho.

Lolek:


- Não tem mais e eu apenas ajudei, pois, quem matou foi meu cunhado Edson, o dono do porco.

Eu:

- E cadê o dono do porco?

Lolek:

- Tá na casa dele. Mas doutor afinal que crime cometemos?

Eu:

- Nenhum. Só zueira minha mesmo. Fato atípico. Já que estragou o clima de seriedade do meu interrogatório, me mata uma curiosidade.

Lolek:

- Diga! O senhor sabe que eu falo a verdade.

Eu:


- Cá entre nós, quem comeu as costelinhas do porco? Ainda tem?

Ele:

- Não doutor, as costelinhas foram devoradas pela aquela senhora ali, de nome Célia. E a melhor cena foi quando ela roía saborosamente as costelinhas do bicho e lamentava dizendo para quem quisesse ouvir: “Tadinho do porco”.

Eu:

- Chama essa mulher para depor.

E quando vi, entrou na uma grávida.

- Qual seu nome?

Ela:

- Célia Cruz, esposa de Lolek. Pergunte!

Eu:

- As costelas do porco estavam boas?

Ela:

- Uma delícia! Adoramos, não me contive nos desejos de grávida.

Eu:

- Hummm. Pelo visto, todos degustaram o suíno, até o bebê. Você sabia para alguns povos espalhados pelo mundo, comer porco traz sorte? Pois isso que se recomenda comer porco na virada do ano. É crendice eu sei, mas dessa vida eu nada duvido. 

Célia:

-  Ei, Doutor mais ainda tem.

Eu:

- Hummm, que sorte e tadinho do porco.

Lolek, Célia, Euza e Geraldo, muitíssimo obrigado pela história. Obrigado pela noite divertidíssima e por terem embarcado nesta brincadeira. Célia e Lolek, desejo uma chuva de bênçãos e realizações para Talles Lolek que está preste a nascer. Tenho a certeza que ele trará muitas alegrias a vocês e aos avós.

E finalizando:


Entre o real e o imaginário, entre costelinhas e costeletas, a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um abraço carinhoso à todos, fiquem com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.

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