sexta-feira, 24 de julho de 2015

CRÔNICA DA SEMANA: OS FANTASMAS SE DIVERTEM

"Parque" e Doutor Ary
Fantasma, de acordo com as minhas pesquisas na Wikipédia, na crença popular, é a alma ou espírito de uma pessoa ou animal falecido que pode aparecer para os vivos de maneira visível ou através de outras formas de manifestação. Descrições de aparições de fantasmas variam no modo como estes se manifestam. A tentativa deliberada de contactar o espírito de uma pessoa morta é conhecida como necromancia, ou séance no espiritismo. A crença em manifestações espirituais dos mortos é comum, datando do animismo ou veneração dos mortos em culturas pré-históricas. Determinadas práticas religiosas — ritos funerários, exorcismos, e alguns costumes do espiritualismo e da magia — são especificamente designadas para agradar os espíritos dos mortos. Fantasmas são geralmente descritos como essências solitárias que assombram um local, objeto ou pessoa em particular a qual estiveram ligados em vida, embora histórias a respeito de exércitos, trens, navios e até mesmo animais e números fantasmas tenham sido relatadas.
Era uma terça-feira, por volta das 14hs, estava chegando para trabalhar quando me deparei com aquela pessoa que há tempos não a cumprimentava. Foi mais ou menos assim:

- Parque, Há quanto tempo não te vejo. Como vai?

Perguntei em tons de euforia ao vê-lo vindo em minha direção.

- Bem doutor.

Ele falou em tons de voz baixa tentando intimidar a minha alegria, mas o seu sorriso discreto e miudinho dizia o contrário.

- Égua Parque, vamos sentar aqui debaixo deste nobre jambeiro. Ei, há tempos quero te fazer uma pergunta.

- Qual?

E diante da deixa, eu lhe perguntei:

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- Me diga, você era um homem tão dedicado, disciplinado, e respeitoso, porque naquele ano de 2012, de repente foste embora do Hotel Presidente Médice? Brigaste com alguém?

Ele fez uma careta tão feia e indignada, me respondendo:

 - O culpado foi o Senhor.

- Eu? Como?

Perguntei espantado, pois não recordava de ter lhe pedido a cabeça ou o queimado para alguém, até porque não é de minha natureza.

- Lembra do que o senhor me falou numa madrugada em que lhe vi andando pelo corredor do prédio e eu perguntei o que estava acontecendo?

Fiz uma cara pensativa e tentei puxar pela memória o que teria dito, mas não lembrei e falei:

- Não recordo, mas me diga o que falei que te deixou tanto assombrado?

Ele:

- Não me fale isso não moooooço.


- O que?

- Essa palavra aí, “Assombrado”.

- Por que?

- O senhor falou que tinha visto um fantasma andando pelo corredor do Hotel.

E eu disse:

- É verdade. Não vi apenas um e sim dois.

Ele:

- Não me fale isso não seu “mooooço”, faça isso não, já estou até nervoso. Naquele dia, nem dormi mais direito.

E senti que Parque estava falando muito sério comigo. Mas, como sou o malvado favorito continuei a história.


- Parque, foi verdade mesmo, eram duas visagens que transitavam pelos corredores batendo as portas e cuspindo pitombas. Tinha uma até com a cara de uma artista de televisão que chamava horrores de palavrão. Uma coisa horrorosa!

Ele:

- Vixe Maria delegado, para com isso. É por isso que no outro dia eu encontrei uns “negócios no chão” parecia mesmo caroços de pitomba. Naquela noite que estava com o senhor eu ouvia uns chiados estranhos de origem desconhecida e até hoje não sei de onde eles estavam vindo.

E ele se benzia por várias vezes. O rosto já estava corado.

- Olha doutor, por causa disso que fiquei com medo e pedi as contas. 

E o pior Parque que até hoje os fantasmas estão lá, já até deram crias.

- Benza Deus doutor.


E eu estourando de rir por dentro. Falei:

- Não somente me benzo, mas jogo sal e agua benta.

E ele:

- Pare com isso doutor. O senhor é muito corajoso, o senhor não tem medo não?

- Medo? Eu? Claro que tenho. É Muito. Tenho medo é dos vivos, principalmente daqueles caras de paus, inescrupulosos, falsos moralistas, mentirosos, sem caráter, sem noção, imorais, amorais, anti-éticos que assombram de vez em quando minha vida. Mas, para essas almas sebosas, existe Óleo de Peroba, muita oração, água benta e Deus na causa. Parque, mil vezes, prefiro ser amigo de um Gasparzinho e o ter como um fantasminha camarada do que ter pessoas peçonhentas a minha volta.

Ele:

- Tô falando de mortos. De assombração.

Respondi:

- Quanto aos mortos não, pois estão mortos, alguns vivos em nossas memórias e coração.

De repente:


- Doutor que barulho foi esse?

- Parque não se preocupe, é um fantasma camarada que habita o prédio da delegacia.

Ele ascendeu o olho e novamente outro ronco:

- O Senhor ouviu de novo?

- Sim ouvi.

- Égua, eu vou é vazar daqui.

Mal ele sabia que houve uma queda de energia e o nobreak apitava e emitia sons iguais de um rosnado misturado com um ronco, sem parar.

- Parque, onde vai?

- Eu vou embora vai que sai um “troço” aí de dentro.

- Peraí, o papo não terminou. Me conte porque seu apelido é Parque?

- Vou vazar doutor, te conto ali no ginásio. Tô trabalhando lá.

Eu:

- E lá não tem fantasma?

Ele:

- Tem não doutor.


Eu:

- Será?

Ele:

- O Senhor já vai começar?

E ele se levantou da calçada do jambeiro, bateu a poeira do short, pegou sua bicicleta e se retirou sorrateiramente e quando eu percebi já estava com ele na frente do Ginásio. Contei lhe que tudo era uma fantasia e que naquele dia que eu vagava pelos corredores era porque estava com crise asmática. Não tinha fantasma algum e os chiados que ele teria ouvido vinham da minha respiração, mas ele não acreditou.

- Agora me conta Parque, porque te chamam assim?

- Doutor, eu trabalhei há 10 anos num Parque de Diversões que rodava por vários municípios. Eu montava e desmontava os brinquedos, arquibancadas, zelava pelo espaço, auxiliava os colegas e fazia o que me mandavam. Depois de um tempo cansei de ir para lá e para cá, então, resolvi ficar em Rurópolis.

Eu disse:

- Legal Parque, mas me diga, é verdade que a maioria dos Parques de Diversões são assombrados?

Ele esbugalhou os olhos e disse:

- Doutor, já vai começar de novo?

E a conversa terminou num suspense e numa interrogação. É, fantasmas não existem; É o que eu sempre digo para um espírito zombeteiro que me acompanha desde quando cheguei em Rurópolis. Agora ele aprendeu apreciar um bom vinho e degustar Wisky, não posso deixar uma garrafa gelando na geladeira e ir dormir, que no outro dia quando acordo a encontro seca. Já disse que vou ter que entrar com uma medida cautelar ou representar por sua prisão fantasmagórica, pois o fato está virando um caso de Polícia. Engraçado, tenho a impressão que já ouvi ou li esta frase usada de forma beócia em algum lugar. Deixa para lá, como falei para almas sebosas só nos resta orar para que encontrem a luz da evolução, não é mesmo?

Antônio Humberto Chaves, popular “Parque”, muito obrigado pela amizade e pela divertida história. Medos todos nós temos. É normal, pois eles são os alarmes naturais de nossos instintos de sobrevivência. Quem não os tem que jogue a primeira pedra. To esperando! Te eternizo na crônica de semana. Ah, não era a minha intenção que você pedisse demissão, enquanto isso os fantasmas ainda se divertem e com eles danço valsa, quiçá, “A La Rumba Azul”.

E você tem medo de fantasmas? Ou já os exorcizou de sua vida? Conta comigo.  

E finalizando:


Entre o real e o imaginário, entre fantasmas, aparições, assombrações ora de gente de carne e osso, entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho. Buuuuuuuuuuuuuuuuuuu.

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